Para
continuar essa série de artigos sobre equipamentos para podcast, vamos
falar dos equipamentos profissionais de áudio que podem ser utilizados
para gravar podcasts com extrema qualidade. Para quem perdeu alguma das
partes da série e chegou diretamente aqui, recomendo a leitura dos
artigos anteriores antes de dar prosseguimento.
Quando comecei a gravar meu podcast em
2007, usava um headset dos mais baratos e gravava toda a conversa via
Skype. Anos mais tarde, depois que percebi que a mídia funcionava com o
meu público, resolvi adquirir algo que me permitisse ter uma qualidade
incomparável de áudio. Foi aí que eu descobri que o microfone faz 50% do
trabalho.
Tipos de Microfone
Existem várias tecnologias para microfones, incluindo os de fibra ótica, de carbono e os clássicos ribbon,
mas quando falamos em podcast, os dois tipos que nos interessam são os
microfones dinâmicos e os de condensador, pois estes são usados na
grande maioria dos equipamentos portáteis que existem no mercado.
Os microfones dinâmicos são os mais
comuns e com certeza você já viu um desses. Eles possuem um diafragma,
um magneto e uma bobina em seu interior. O princípio é simples, toda vez
que o magneto passa perto da bobina, induz um fluxo de corrente que é
transferida pelos fios. Para fazer o magneto se movimentar, conectamos
ele a um diafragma que vibra.
Quando falamos em um microfone desse
tipo, as ondas sonoras emitidas pela nossa voz fazem o diafragma vibrar,
o magneto se movimenta perto da bobina e a pequena corrente é
transmitida pelos fios diretamente para o equipamento. Simples assim!
Os microfones dinâmicos são os modelos
mais baratos e costumam funcionar muito bem em ambientes com muito
ruído, já que a sua capacidade de captação é mais baixa que a dos
microfones de condensador. Na maioria dos casos, não é necessário
utilizar nenhum anti puff, pois já existe uma fina camada de espuma dentro da grade que protege o mecanismo do microfone.
Já os microfones de condensador são mais
sensíveis e garantem uma qualidade sonora muito maior. Eles são muito
utilizados em estúdios de gravadoras e rádios pois conseguem captar sons
com uma fidelidade absurda.
O esquema de funcionamento dos
microfones de condensador é um pouco diferente do utilizado nos
microfones dinâmicos, mas também é bastante simples de compreender.
Um microfone de condensador nada mais é
do que um grande capacitor. Dentro dele, existem duas placas paralelas e
apenas uma delas funciona como diafragma. Quando falamos no microfone, a
placa frontal vibra de acordo com as ondas que emitimos e a distância
entre as placas diminui. Esse movimento gera uma alteração na
capacitância e esse sinal é transmitido pela saída.
Por se tratar de um capacitor
eletrônico, esse tipo de microfone necessita de uma alimentação externa
ou por meio de uma bateria. Essa alimentação externa é realizada por um
dispositivo chamado phantom.
Por se tratar de um dispositivo
eletrônico e não mecânico (como no caso dos microfones dinâmicos), a
sensibilidade de um microfone desses é infinitamente maior que os
microfones “comuns”.
Quando comecei a procurar bons
microfones, acabei encontrando esses dois formatos e percebi que um
microfone de condensador seria um ótimo investimento. Foi aí que eu
descobri que precisaria de um equipamento com phantom para alimentá-lo e aí cheguei às mesas de som.
Mesas de Som
Quando você compra um microfone de boa
qualidade, vai precisar de um equipamento para captar os sinais gerados
por ele e enviar para o computador e gravar seu podcast. Você pode usar
os dispositivos que vimos no artigo anterior sem problemas, mas uma mesa de som vai te dar muitas outras opções que vão diminuir ainda mais o seu trabalho com a edição.
A minha primeira mesa de som foi uma
Behringer 1204fx. Ela tem quatro canais independentes para microfone,
entradas e saídas auxiliares e uma pequena central de efeitos que
permitem alterar características da sua voz, adicionando ecos,
deixando-a mais fina ou mais grossa. E esse controle de efeito é dado
individualmente para cada microfone. Cada canal também possui o controle
de graves, médios e agudos.
Essa mesa também vem com uma interface
USB que permite ligar a mesa ao computador. O UCA200 permite ligar
qualquer dispositivo com saída no padrão RCA e converter o sinal sonoro
para um formato que o computador vai compreender.
Algumas mesas de som já possuem essa
interface USB integrada, como é o caso da Alesis Multimix 12 USB, que é a
mesa que eu uso profissionalmente hoje em dia. Ela possui todas as
características do equipamento da Behringer, mas possui uma porta USB na
parte de trás. Basta conectar um cabo e ligá-la diretamente ao
computador, sem a necessidade de dispositivos intermediários.
Se você faz gravação de áudio em um
ambiente e recebe os participantes do seu podcast para gravar
pessoalmente, uma mesa de som é uma ótima opção para garantir que o
áudio vai ter uma ótima qualidade. Isso vai reduzir bastante a
necessidade de nivelamentos e equalizações durante a edição, vai
acelerar o processo e dar ao seu podcast uma qualidade de som
inigualável.
O único problema que vejo no uso de
mesas de som desse tipo é o desconforto de ter que ficar carregando
quilos de equipamento para cima e para baixo quando você precisar gravar
um podcast longe do local original usado como estúdio. Por isso que eu
fui correr atrás de um outro tipo de equipamento que me garantisse
qualidade e portabilidade.
Mas isso nós só vamos discutir na quarta e última parte dessa série sobre equipamentos para podcast. Até lá!
Equipamentos para gravar Podcast – Parte 2
Na primeira parte do artigo
sobre equipamentos para gravar podcasts, mostrei os primeiros passos
para quem quer escolher bons dispositivos para começar a gravar um
podcast, mas falei apenas sobre os equipamentos mais simples. A partir
dessa semana, vamos começar a falar sobre aparelhos mais profissionais
para capturar áudio e fazer um podcast com maior qualidade sonora.
A primeira opção que vou apresentar aqui
é um substituto para a sua placa de som. Um aparelho capaz de capturar o
áudio de um microfone e enviá-lo com alta qualidade diretamente para o
seu computador. Dos que eu já experimentei, o mais interessante foi o
M-Audio FastTrack USB
O dispositivo nada mais é que uma
interface de áudio externa com características bem interessantes e que
não são encontradas em uma simples placa de som. Para começar, ela vem
com uma entrada para cabo XLR, aquele conector padrão usado por
microfones um pouco maiores. Além disso, possui uma entrada 1/4″ para
ligarmos um outro microfone ou um qualquer outro instrumento. A frente
do aparelho ainda possui uma saída para fone de ouvido, também no padrão
1/4″. Ele é compatível com Mac e Windows e possui suporte para os
melhores softwares para tratamento de áudio, como por exemplo o poderoso
Pro Tools.
A traseira do M-Audio Fast Track USB
ainda possui uma saída de áudio para caixas de som ou outros
dispositivos que suportem conectores RCA (vermelho/branco) e uma porta
USB, que vai fazer a transferência dos dados que estão vindo dos
microfones para o computador e também serve para alimentar o Fast Track,
já que ele não precisa ser ligado na tomada. O aparelho é capaz de
codificar o áudio em uma qualidade absurda de 24 bits / 48 kHz, o que é
muito superior a várias placas de som padrão.
E se tudo isso não fosse suficiente, o
dispositivo ainda vem com um alimentador Phantom de 48V para suporte a
microfones de condensador. Por enquanto, não se preocupe com esse
conceito, mas na próxima parte dessa série falaremos sobre seus
benefícios e vantagens.
O preço do Fast Track fica na faixa de
US$119 a US$139 em lojas americanas, mas aqui no Brasil você não
encontra por menos de R$380.
Uma outra opção para quem tem um pouco
mais para gastar e quer mais opções de configuração na entrada de áudio é
usar a M-Audio Fast Track Pro.
A Fast Track Pro pode ser encontrada por
US$199 no mercado americano e a partir de R$550 aqui no Brasil. Ela
possui todos os recursos que a Fast Track USB, mas como você pode ver no
vídeo, existem mais controles de volume e balanço que podem ser
bastante úteis na hora de gravar com pessoas que têm tom e volume de voz
diferentes.
Kits para Podcast
Se você ficou animado em relação a essas
interfaces externas para gravar o seu podcast, mas por enquanto a grana
está um pouco curta, saiba que várias empresas criaram pequenos kits de
aproximadamente US$100 que podem ser bastante úteis para quem quer
começar o seu podcast sem gastar muito e tendo uma qualidade razoável.
Um dos mais baratos e mais simples é o UCast ION Audio IPK01,
que vem apenas com um microfone da Alesis e um fone de ouvido. Apesar
de parecer um daqueles microfones de condensador profissionais, não se
deixe enganar pela aparência, pois trata-se de um microfone tradicional
com interface USB. É claro que a qualidade do áudio vai ficar melhor do
que a obtida com headsets comuns, mas é bom não gerar muita expectativa.
O preço sugerido pela ION é de apenas US$39,99, mas até o momento eu
nunca vi esse kit sendo vendido aqui no país.
Se você quer um kit um pouco mais elaborado e que permita a gravação simultânea de duas pessoas com microfones diferentes, o Technical Pro PM-22
é uma boa opção, pois vem com dois microfones, dois fones de ouvido e
um pequeno mixer com quatro canais configuráveis e que funciona com
bateria ou diretamente ligado na tomada. Esse kit só é encontrado no
mercado exterir e seu preço fica em torno de US$100.
O último kit que trago aqui é o Podcastudio Behringer,
uma das marcas que eu mais gosto quando vou escolher equipamentos para
podcast. Esta é uma opção bem barata (custa em torno de US$140) e assim
como o kit acima vem com microfone, fone de ouvido e mixer. O
diferencial desse conjunto é uma interface USB separada que é usada para
ligar o mixer ao computador. Ele também pode ser usado para
eventualmente gravar o áudio de qualquer aparelho que tenha saídas RCA,
como por exemplo um aparelho de DVD.
Na próxima parte dessa série, veremos
mais sobre mesas de som e microfones profissionais, que vão dar ainda
mais qualidade para as suas gravações. Qualquer dica, dúvida ou sugestão
pode ser feita aqui nos comentários. Até a semana que vem!
Equipamentos para gravar Podcast – Parte 1
Quando tive contato com a mídia podcast
há 6 anos atrás, não imaginava que o formato evoluiria tanto aqui no
Brasil. Atualmente temos centenas de pessoas que produzem seus próprios podcasts e milhares de outras que fizeram desse tipo de mídia sua companheira de todos os dias.
Viajando pelo Brasil em eventos de
tecnologia e marketing, procuro sempre mostrar as vantagens e
desvantagens de produzir e consumir podcast. Ele é um
companheiro fiel na hora dos engarrafamentos, ônibus lotados, filas de
banco, durante o trabalho repetitivo e até mesmo para momentos antes de
dormir. Grandes empresas e meios de comunicação já descobriram os
benefícios do formato e estão criando seus próprios podcasts ou contratando inserções sonoras em programas relacionados ao seu meio de atuação.
Essas minhas participações em eventos acabam apresentando o formato para muitos profissionais de TI, marketing e comunicação. Mas sem dúvida, a pergunta que eu mais respondo é: “- Que tipo de equipamento eu devo usar para criar um podcast?”.
Antes de responder a essa e muitas
outras pergunta), vou ms que podem surgir nos comentários desse artigo (sinta-se
à vontade para entrar em contatoe preocupar em responder uma
pergunta muito simples que talvez a maioria aqui saiba a resposta, mas
tenho que considerar que pessoas leigas no assunto tenham chegado até
aqui e estão curiosíssimas para saber:
O que é um Podcast?
Muita gente odeia quando alguém responde essa pergunta com a frase: “Podcast é como rádio na Internet”. Particularmente não acho essa definição totalmente incorreta, mas com certeza está incompleta.
Podcasts são programas em áudio
(assim como os de rádio) e que podem ser baixados automaticamente para o
seu computador, smartphone ou tablet sempre que houver um novo
episódio. Esta é a grande vantagem do formato!
Todos nós gostamos de ouvir rádio e
temos nossos programas preferidos. O problema é que temos que estar com o
aparelho ligado no horário exato para podermos escutar o episódio do
dia. Com o podcast essa situação não acontece, e já que o
arquivo de áudio foi baixado e está no seu dispositivo, você pode
ouví-lo quando quiser, quantas vezes quiser e até mesmo pausar para
continuar a ouvir mais tarde.
Outra vantagem da mídia podcast
é a segmentação. Existem hoje grandes programas de nicho, que falam
sobre os assuntos que mais interessam determinado grupo de pessoas. Se
você gosta de moda, vá ao Google e busque por “Podcast de Moda”, se sua área é TI procure por “Podcast de Tecnologia”. Quer momentos de diversão? Faça uma pesquisa por “Podcast de Humor”. Outra maneira é dar uma navegada por sites que cadastram podcasts como o Podpods, criado pelo meu companheiro de TechTudo, Jonny Ken.
Depois de escolher os seus podcasts,
chegou a hora de instalar um agregador no seu computador. Um programa
agregador é quem vai procurar por novos episódios automaticamente sempre
que eles estiverem disponíveis. Todas as opções são gratuitas,
independente da plataforma.
- Usuários Windows têm muitas opções, mas o iTunes da Apple e o Juice são os mais populares.
- Para quem usa Linux, pode optar pelo Rhythmbox, Juice, gPodder e muitos outros.
- Donos de Mac já têm o iTunes instalado, mas podem optar pelo Juice e outros.
No seu programa agregador, você possui um processo de “assinar” o podcast.
Coloquei o termo entre aspas para deixar claro que o procedimento é
completamente gratuito. Em momento algum você vai precisar colocar a mão
no bolso para ouvir um podcast.
Para assinar um podcast, basta saber o endereço do seu feed RSS.
Normalmente este endereço está em botões específicos que ficam perto do
podcast atual. Veja no exemplo abaixo, os pequenos botões na parte de
baixo com links para os feeds para MP3, M4A (formato AAC), iTunes e até para Microsoft Zune.
A partir daí é só sincronizar o seu MP3 player, smartphone, tablet ou até mesmo ouvir diretamente no seu computador usando o próprio software agregador. Simples assim!
O grande “problema” de quem se apaixona por podcast
acaba ficando com vontade de criar o seu próprio programa. Assunto
escolhido, participantes prontos para gravar e aí surge a principal
dúvida:
Quais são os melhores equipamentos para fazer um Podcast?
Quando eu comecei a gravar o meu podcast, o cenário era o mais caótico possível. Gravava com um headset
simples e todo quebrado que eu tinha por aqui e usava o Skype para me
comunicar com os outros participantes e alguns softwares para capturar o
áudio e editar cada episódio. Aos poucos fui querendo melhorar a
qualidade sonora e comecei a procurar equipamentos que me dariam esse
benefício. Meu primeiro passo foi buscar headsets com dispositivos de som embutidos, os mais popularmente chamados “fones USB”.
O modelo que eu comprei em 2008 foi o
Microsoft LifeChat LX-3000. Ele vem com um adaptador de áudio embutido
que deixa a maioria das placas de som onboard de notebooks e desktops no
chinelo.
Assim que você liga o aparelho na sua
porta USB, automaticamente a sua placa de som é desabilitada e os
drivers do novo adaptador é ativado. A partir daí você começa a perceber
claramente a diferença de qualidade de som. Os controles de volume e o
botão mudo ficam posicionados em um pequeno apêndice que existe no fio. O microfone possui ainda um sistema físico anti puff e um filtro que reduz o ruído e melhora a qualidade do som.
Em uma rápida pesquisa de preços que fiz
hoje (21/Abr/2011) consegui encontrar o modelo LX-3000 de R$74 a R$120.
Isto é um pouco mais caro que um headset comum, mas como vimos vale o
investimento. O fabricante ainda dá 3 anos de garantia, o que ainda
aumenta a segurança.
Um tempo mais tarde, cheguei a cogitar o
investimento em uma placa de som externa de mais qualidade. Pesquisas
na época me levaram a uma Sound Blaster X-Fi, que tinha muitos recursos e
um preço um tanto quanto salgado, chegando a custar mais de R$400.
Conversando com um amigo mais entendido
no assunto, descobri que esse tipo de equipamento valoriza muito mais a
saída do que a entrada de áudio. Eles são produtos mais voltados para
quem quer assistir filmes com som de alta qualdiade e nem tanto para
quem quer gravar áudio.
Começou então a minha peregrinação por
equipamentos que melhorariam ainda mais a qualidade de gravação do
áudio, mas sem comprometer uma boa parte do meu orçamento. E são esses
tipos de aparelhos que eu vou começar a apresentar a partir da próxima
semana. Até lá!
Fonte: http://www.techtudo.com.br/platb/hardware/tag/melhor/